sexta-feira, dezembro 22, 2006

Sem lágrimas

Como uma ferida que não vemos
sentimos o sangue que não escorre
choramos o que não temos
sofremos o que vivemos
pensamos no que foi
sonhamos o que podia ter sido

(se tivermos sorte)
uma coisa mantém-se:
as lágrimas não correm
e choramos sem lacrimejar
sofremos sem chorar

No fim levantamo-nos
olhamos ao espelho
e não vemos a tristeza;
ela está lá
mas não a vemos
tal como não choramos
as lágrimas que não correm

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Um brinde...

… à irmã do Bernardo.
… à Sóraia.
… ao Bernardo.
… mais à boa da irmã dele.
… ao barbeiro do empregado.
… ao barbeiro do Alves, que está no desemprego.
… ao docinho que é a irmã do Bernardo.
… às batatinhas.
… ao frango que nunca chegou.
… à irmã do Bernardo, que é mesmo boa.
… à namorada do Viana, que é muito simpática.
… ao micro do Rubém.
… à Rita e à Daniela, que andam a aprender com o Malcata.
… à vinhaça.
… à irmã do Bernardo, que é extremamente bem dotada e bem boa.
… aos matrecos.
… ao Mister.
… à irmã do Bernardo, que é mesmo boa.
… à China, em quem o Sumol não surtiu grande efeito.
… ao Buda, a discoteca mais apertada do país.
… aos preliminares públicos do Viana e da Sóraia.
… à quenga da irmã do Bernardo, que é bem boa.
… às gravatas apertadas e aos fatos desconfortáveis.
… a nada, que também é fixe.
… aos destaques peitorais da boa da irmã do Bernardo.
… à chuva.
… àquele-que-anda-na-rambóia-com-a-gente-à-procura-de-algo-que-nunca-mais-encontra.
… à irmã do Bernardo, que não se cansa de vender o corpo por ele.
… ao bevilo tutto, tutto, tutto com a Rita.
… a quem chorou, sem saber muito bem porquê.
… ao Tigas, que se não estava tocadinho fingiu bem.
… à irmã do Bernardo, que é boa como se não houvesse amanhã.
… ao arroz doce.
… à minha faceta taberneira.
… a nós, que no fundo somos uns bacanos.
… às irmã do Bernardo, que tem uns seios como não há igual no resto do mundo e não se farta de ser BOA.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Escolher II

Todos fazemos escolhas. O problema foi sucintamente exposto no post anterior pelo que não me alargarei sobre o assunto. Prefiro concentrar-me no que vem antes da escolha - o raciocínio. É ele que, em última instância, determina o que faremos - a acção. Deste binómio raciocínio/acção descobrimos se o que fizemos foi "certo" ou "errado", se valeu a pena ou não.
Uns pensam mais, outros menos, mas todos medimos as possíveis consequências que advêm das nossas acções, das nossas escolhas, dos caminhos alternativos que escolhemos.
A questão (para mim) resume-se muitas vezes a tentar perceber quais as fronteiras do aceitável, o limite final até onde podemos ir. Algumas vezes bato contra o limite, mas até agora nunca o ultrapassei irremediavelmente; tive a sorte de me darem o desconto.
Uma pergunta tem ecoado na minha cabeça ultimamente: "O que é pior: fazermos asneira e arrependermo-nos, ou arrependermo-nos de não fazer nada?". Eu voto incondicionalmente na segunda; ideias são bem-vindas.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Escolher

“Pessimista é aquele que, podendo escolher entre dois males, prefere ambos” – Oscar Wilde

Todos nós já ouvimos que a vida é feita de escolhas. E é verdade, a escolha está nas coisas mais elementares que por vezes nem nos apercebemos que estamos a escolher: a roupa de manhã, o que comer ao pequeno-almoço (mesmo que seja sempre a mesma coisa, não deixa de ser escolher comer sempre o mesmo!), ir à gala ou não, etc. E depois há aquelas escolhas que, embora sejam escolhas, na verdade são obrigações: escolher entre fazer ou não o exame que decide se repetimos a cadeira ou passamos, escolher entre fazer ou não os trabalhos de grupo obrigatórios, no fundo são escolhas, mas há alguém que escolha não os fazer? (aposto que milhões de casos e ideias a refutar isto vos estão a passar pela cabeça… vá lá, deixem-se de coisas!)
Afinal, não é preciso esforçarmo-nos muito para perceber que tudo é escolher. Agora, cada escolha tem um custo inerente, e há custos maiores que outros: escolher se vou de calças de ganga ou de calções não terá o mesmo custo que se escolher fazer companhia a um amigo, deixando outro sozinho. Tirando os casos em que somos obrigados a escolher, e aí já nem se trata bem de uma escolha (é o tal exemplo de ir ao exame ou não!), a verdade é que temos de estar preparados para acartar com os custos do que escolhemos. Não podemos criticar alguém que ficou prejudicado com a nossa escolha, afinal prejudicámos alguém!
E atrás de cada escolha há milhares de hipóteses que passam ou não a estar disponíveis. Por isso, ao escolher sair esta noite, mesmo não me apetecendo nada, estou a escolher ir encharcar-me para poder ir ao jantar de anos da Soráia, e depois possivelmente ir à gala, que vai estar cheia. Mas quando escolhemos por um caminho, sabemos que dele há de advir alguma coisa, e é por isso que eu hoje escolho ir à gala. E amanhã escolherei também. Sobre quê não sei, mas escolherei…