sábado, abril 01, 2006

A Colisão

Qual Marketers de emoções, todos nós nos posicionamos estrategicamente no mercado, segmentando-o, escolhendo para nós as partes que mais nos interessam. Porque será que gostamos de uns e de outros não, que só por vermos alguém de que gostamos nos ficamos a sentir melhor, ou vice-versa? Se tivesse nascido no outro canto do mundo, não seria eu diferente? Claro que sim, mas gosto de pensar que não seria tanto assim. Gosto de pensar que continuava a ser completamente tarado, bronco, abécula, peste, parvo, extrovertido, nerd, tonhónhó (a única palavra portuguesa com dupla acentuação gráfica), etc. Simplesmente seria monhé, usaria um turbante e rezaria virado para Meca. Não faria parte de um blog, talvez nem soubesse o que é a internet, não andaria na faculdade, nem sonharia um dia ir a Erasmus. Mas não continuaria a ser eu?
Existimos nós, o indivíduo, e existem todos os outros. Quando nascemos, há coisas que vêm encriptadas no nosso código genético, e das quais nunca nos conseguimos livrar, mas todas as influências exteriores de que somos alvos determinam a nossa maneira de ser. Então porque é que não podemos mudar a personalidade de alguém, apenas a maneira como essa personalidade se manifesta mediante diferentes situações? Não foi ela moldada, educada, tratada pelos nossos pais, amigos, conhecidos, etc.? Qual é a altura exacta no tempo em que o sr. que trata do departamento de modelação de personalidade se reforma porque a sua missão está cumprida?
As nossas acções tem consequências nos outros e no mundo que nos rodeia em geral, às vezes exactamente as que queremos, outras vezes reacções inesperadas, mas todos nos dizem "Gosto de ti porque és assim e assado." ou "Tu às vezes és muito coiso e tal." Esta caracterização é às vezes tão perfeita que nos assusta, e precisamos de ouvir da boca dos outros o que somos e representamos, para que percebamos o que esteve sempre connosco.
No eterno face-off entre o que vem de dentro, e o que vem de fora, talvez seja a Colisão (o momento em que ambos se encontram) aquilo que dá sentido ao facto de andarmos por cá.

5 comentários:

Tigas disse...

Perdoem-me a cópia descarada ao último post do JP no seu blog, mas às vezes a inspiração surge quando menos esperamos.
Costuma-se dizer que a imitação é a mais sincera forma de elogio...

Jtcs disse...

Não sou diferente, sou único!

De uma maneira simplista, através de um desenho conseguimos perceber o quão diferente somos. Imaginem que nos pediam para desenhar um quadrado: todos apresentaríamos a mesma imagem. Contudo, se alguém desenhasse um triângulo, essa pessoa seria diferente dos demais. Independentemente da forma como foi ensinada ou pelo facto de não saber simplesmente o que é um quadrado, a pessoa tem um pensamento diferente sobre o que é realmente essa coisa, e não podemos dizer que o faz é de acordo com a sua personalidade (talvez seja se o fizer num mero vipe de irreverência que lhe tenha passado). Somos então diferentes pelas influências que recebemos ao longo da nossa vida, mas então o que será isto da personalidade? Quais são aquelas características únicas que se mantêm inalteráveis ao longo do tempo e que determinam, em certa medida, a nossa forma de pensar e agir? Sei que temos genes que nos foram passados pelos nossos pais, que passaremos aos nossos filhos, mas será que sou diferente no meu interior pela minha descendência, ou será que fui capaz de criar uma substância nova dentro da minha pessoa que me torna naquilo que hoje sou? Não sou diferente de qualquer um de vós! Sou único!

JP disse...

Uma pessoa que, ao ser-lhe pedido que desenhe um quadrado, desenhe um triângulo, das duas uma: ou é deficiente mental, ou eram-no os seus professores!

Jtcs disse...

Somos aquilo que somos pela natural personalidade que reside em nós, mas grande parte das atitudes que temos são orientadas pelas influências que vamos recebendo ao longo da vida. Se não sabem do que falo peçam-me que vos explicarei, mas não se deixem cair no ridiculo.

hcg disse...

comment ao assunto em questão mais tarde partilharei (preciso de inspiração e agora não tou com nada disso). Comment aos comments, sem considerar o assunto em questão: bravo jtcs (apesar dos argumentos e contra-argumentos demasiadamente eloquentes apresentados pelo jota, que assim demonstra que o seu estudo das artes serviu para alguma coisa).