quinta-feira, março 23, 2006

Não cardinal, apenas ordinal...

Hoje alguém me alertou para a diferença entre paixão e amor. Utiliza-se correntemente a palavra amor para classificar algo que é muito forte, uma sensação poderosa, tipo super moca. No entanto, o amor não será bem isso, embora eu ache que esteja relacionado. Ainda ontem, enquanto caminhava para casa, numa das minhas habituais fantasias, vi alguém que disse uma coisa que me bateu tão forte, que fiquei nervoso, a pulsação acelerou, as palmas da mão ficaram suadas, a respiração ofegante, por uns momentos não consegui dizer nada. Foi uma coisa tão forte do ponto de vista psicológico, que despoletou emoções, que se manifestaram fisicamente. Ora aí está o maior cagaço que a natureza nos pode proporcionar - mais saudável que a droga, mais barato que o bungee-jumping e com muito mais adrenalina. O que é que isso tem a ver com amor? Encontrar alguém que captura a nossa essência em poucas palavras mete medo, não um medo de pavor, mas um medo de inquietude, um medo de quem chegou ao final da demanda eterna pelo significado da vida, do amor.
A vida é para se viver. Às vezes complicamo-la e é por isso que tem piada. Quando encontramos alguém por quem nos apaixonamos, mas que depois de amenizada a paixão continuamos apanhadinhos, temos aí o nosso amor. Nessa altura queremos fazer essa pessoa feliz, queremos fazê-la sentir o mesmo que nós, queremos gritar para dentro dela tudo o que não conseguimos verbalizar. Por essa pessoa tu sacrificavas-te, poque tu próprio o disseste, custa mais o sofrimento garantido do que o desconhecido, e tu preferirias sacrificar-te por ela do que ficar cá sem ela. Por muito que vos possa custar, eu vejo egoísmo nisto, tal como vejo em não nos sacrificarmos. Quem quiser desenvolver o assunto tem aqui um blog à sua disposição.
Continuando no mesmo tema, mas com uma abordagem diferente, sexo e "amor são saudáveis de certeza, medo da solidão às vezes engana. Estar sozinho é às vezes mau, mas necessário. Ubi homo, ibi societas - concordo. Usando um pouco de latim macarrónico ubi homo, ibi pensamentus e quando pensamos, estamos sozinhos. Quando pensamos, temos muitas coisas connosco, mas estamos sozinhos, e sem essa dose de solidão ninguém se safa. Quando te entregas ao medo e estás com alguém para não estar sem ninguém, não vejo onde está o amor, nem sequer a saúde.
Encontrar alguém que me complete parece-me uma boa ideia, e já agora que me complete com os seus defeitos também. Afinal de que servem as minhas qualidades senão para conter os defeitos dela, e as dela para conter os meus?
Quando for velhote serei sapiente! Consigo ver a piada no "Só sei que nada sei", mas também vejo a piada no "Ver para crer" ou melhor ainda, no "Sentir para crer". A visão é um sentido, e são eles que me transmitem sensações. No entanto, um cego pode não ver, mas sente, e mesmo não vendo, caminha nas ruas como qualquer um. Porquê? Porque sabe como fazê-lo.
Mensurar sentimentos é à primeira vista difícil, mas se calhar até não. Se pensares microeconomicamente, é como as preferências: não interessa o valor de cada curva de utilidade, interessa a ordem. Os sentimentos não têm aplicação literária perfeita, por isso não sei quanto valem, mas se uma imagem vale por 1000 palavras, um sentimento vale de certeza mais. Quanto não sei, mas isto não é cardinal, é apenas ordinal.

6 comentários:

hcg disse...

Notas soltas

Ideias que reti enquanto lia o teu texto:
Saberás tu qual é a tua própria essência? Pessoalmente, teria a tua reacção se alguém que conheço desde que nasci chegasse ao pé de mim e dissesse: Quem és tu?
A vida é de tal modo simples que nós não a compreendemos.
Passo a vida a dizer que sou egoísta. Porque será que ninguém acredita? Mas se me obrigarem a racionalizar sobre o sacrifício de uma pessoa, a minha resposta continua a ser a mesma. Se acontecer (espero bem que não), logo se verá. Mas a minha mente diz que não.
Por favor, como podem ver é possível escrever comments longos. Não tenham medo, lol. Eu pelo menos não mordo e o autor do post, piadolas aparte, também não. Tudo o resto que safoda!
A divisão do amor por categorias pode ser contestada. Espero inclusivamente que o seja. Mas não vou ser eu a fazê-lo. Que outros falem que também têm direito.
Só quando estás sozinho é que aprecias a companhia que deixaste e pensas sobre tudo na vida (o trono de porcelana e as insónias também ajudam, lol). Mas até que ponto consegues distinguir o medo da solidão do amor. Não estará o primeiro incluído no segundo?
Nos poucos anos de vida que tenho só aprendi uma coisa: ainda tenho muito que aprender. Acho que quando morrer só terei essa lição aprendida.
A visão, o ver, estás enganado... O olhar, isso sim diz muito sobre as pessoas. E o olhar de um cego é incrivelmente sincero. Cego é quem precisa dos olhos para ver.
Será assim tão fácil ordenar sentimentos?

a_mais_linda disse...

Muito se tem falado do amor por este blog...tenho gostado do que li, mas não me apetece falar sobre isso... não deixem de visitar o blog das Mais, onde relatamos mais uma aventura com final feliz!!

Anónimo disse...

"É muito melhor estar sozinho do que sentir-me só"
num post conseguis-te escrever td akilo que eu calei tigas. Agora ja posso dizer k percebes um pouco da minha complicada teoria sobre as diferenças entre amor, paixão, solidão e outras coisas k as pessoas confundem com amor. como tu bem escreves-te, e eu disse nessa nossa conversa, paixão é fugaz, momentanea, não dura para sempre. Mas se dps desse sentimento tão forte ainda resta alguma coisa,então ai sim podemos ter a certeza de que é amor.
Sinceramente acho k nunca me apaixonei na vida. Acredito que ja amei duas vezes, mas não posso ter a certeza disso pk sou consciente de k ainda não vivi o suficiente para saber o k é o amor exatamente. Mas, entretanto, vou descobrindo aos poucos o k é esse sentimento.
Já agr vou aproveitar para escrever aki umas frases k vou encontrando em livros, blog, filmes, etc. e que podem exemplificar melhor a minha forma de ver as coisas:
"Escolhi a solidão sem saber que dps dela não há nada"

" basta amar para perceber mesmo e sobretudo aquilo que não tem explicação; é muito mais fácil do que as pessoas julgam"

"Ninguém sabe o que é o amor"

"O amor k cega e ensurdece tb mostra coisas k mais ninguém vê."

E para finalizar: "o amor é assim, guarda sempre o melhor"

Jtcs disse...

Um outro lado, talvez

“Os sentimentos não têm aplicação literária perfeita, por isso não sei quanto valem”
Também não sei que valor dar a cada sentimento, sei que me atingem e que os vivo a diferentes níveis a diferentes alturas, mas não consigo sistematizar a minha vida com isso. Mais uma vez, é mais simples viver do que explicar o porquê. Obviamente sinto-me curioso sobre tudo aquilo que nos move, mas não quero desperdiçar a vida curta que tenho sobre algo que viverei quando encontrar o verdadeiro amor. Respeito, no entanto, todos aqueles que fazem da busca desta essência de estado de alma, uma paixão pela vida.
Concordo que o amor possa ser declarado de diversas e infinitas formas, no fundo todos nós queremos despertar nos outros um sentimento de amor em relação à nossa pessoa, uns com maior, outros com menor força. O verdadeiro desafio está em fazer desabrochar com maior intensidade o coração daquelas que vemos como se cegos nos tratássemos.

“como tu bem escreves-te, e eu disse nessa nossa conversa, paixão é fugaz, momentanea, não dura para sempre”

Contudo, não posso deixar de lado esta minha outra perspectiva. Vejo este eterno estado de alma, amor, como uma sucessão de paixões que constantemente nos ligam a quem mais gostamos. Gosto de pensar que todos os dias me apaixono pela pessoa que possa ter encontrado meses ou anos atrás. Na verdade, acredito que o que todos nós encontramos na vida são amores de curto ou longo tempo, mas existe alguém que possa dizer que o que sentiu numa paixão não foi amor? Poderá alguém limitar esta definição desta forma? Se sim, então contradizem-se ao achar que o amor vos é desconhecido.

Anónimo disse...

nao liguem ao que ele diz, é só boatos...é mais forte que ele!!

a_mais_linda disse...

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