terça-feira, outubro 10, 2006

Mais depressa se apanha...

Desde há muito que queria falar sobre este tema, dá-se por Mitomania e revela a tendência mórbida para a mentira.

Como é óbvio, ao longo da nossa vida contamos uma mentira ou outra, as chamadas “piedosas”, como quando dizemos a algum familiar que a camisa que nos ofereceu é muito gira e que a iremos usar, mas na verdade nunca nos veríamos com a peça. Não é disto que falo, mas sim das que acabam por atingir e prejudicar terceiros.

Depois de ter feito uma pesquisa sobre o tema, fiquei a saber que a mentira pode ser um indicador de problemas emocionais, como a necessidade de aceitação. Questão – Até que ponto pode ser levada uma mentira apenas para que a pessoa se possa sentir integrada num grupo ou bem consigo mesma? Mesmo que essa pessoa faça já parte de um grupo que a aceite como verdadeiramente ela é, o que a impulsiona, então, para insistir na mentira?

Na continuação da minha leitura vi ainda que a mentira surge em diversas formas:
· Ocultação da verdade – a pessoa tenta evitar abordar a questão, conduzindo o assunto para outro tema.
· Falsificação da verdade – a pessoa fica ofendida por achar que que outra desconfia dela.
· Mostrar credibilidade quando conta a mentira – a pessoa tenta gozar com a situação com que é confrontada e tenta manter a sua posição.
· Adiar a resposta – a pessoa não nega a mentira, mas tenta adiar ao assunto.
Ainda outra coisa que me divertiu foi ler a teoria do “como identificar um mentiroso”:
· Os olhos – A pessoa tenta não olhar directamente para a outra enquanto mente (há quem fale em olhos que flutuam no espaço, lol?)
· A pela – A pessoa pode ou não ficar com vermelha, o que é explicado pelo facto da pessoa ficar em stress, com muita adrenalina e porque o sangue circula mais rapidamente, a pele fica avermelhada.
· Os pés – pessoas que mexem os pés enquanto a contam, podendo até mostrar algum desejo de sair daquele espaço físico, tentando acabar rapidamente com a conversa.
· Transpiração – a pessoa fica tensa ao mentir e pode transpirar.
· A fala – se o “mentiroso” estiver stressado com a situação, ele tenta contar a história o mais rápido possível, aumentando o nível da fala (ou até mesmo tentar contar a história num tom de voz muito baixo, para que outros não o possam ouvir).
Tudo muito giro, não é? Pois, mas isto não interessa nada quando se fala de Mitomania.

Na verdade, quem sofre desta “doença” pode muito bem não ter nenhum destes “sintomas”, o que o obriga a viver uma vida que não é inteiramente a sua, apesar de ser fruto da sua imaginação. Muitos destes “mentirosos compulsivos” acreditam piamente nas mentiras que contam, tanto que podem até ter reacções bastante emocionais e próprias quando confrontados com a real verdade. Para algumas, a sua vida é perfeita, tão perfeita que muitas vezes acabam por entrar em exageros, levando-os à sua própria denúncia.
O que é mais grave, e podem confirmar isto se pesquisarem, dizer a verdade pode ser um acto de sofrimento para estas pessoas, porque o mundo de fantasia que criam é preferível ao que realmente possuem.

Aquilo que gostava de saber é: como posso eu ajudar alguém que acredita tão piamente na sua verdade, que não vê que está a mentir e, sem perceber, a afectar-nos a nós? Será verdade que mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo?

3 comentários:

Anónimo disse...

Será que aqui obtêm-se as respostas tão ansiadas? Não sei, mas é mais do que se tem feito. Uma coisa é certa: a preocupação é uma merda.

JP disse...

Quem é vivo sempre aparece!
Acho que, posto isto, devíamos abrir uma secção clínica. Temos todas as condições para o sucesso!Tu podias ficar com a parte psicológica! Não sei a quem te diriges, mas eu sou pela ocultação da verdade!

P.S: Há cá cda anónimo!
P.S2: Escreve + vezes!

Tigas disse...

Nunca me debrucei sobre esse assunto, mas penso que todos nós ocultamos certas verdades. Há coisas em que já todos pensámos mas de que não podemos falar porque se for verdade, vai alterar a nossa realidade e a dos outros também de uma forma ireemediavelmente negativa (ou pelo menos pensamos nós).
Prefiro que me magoem com a verdade, do que tentem não me magoar mentindo, por isso suponho que deveria contar todas as verdades. No entanto, não o faço. A verdade não me pertence - é de todos. Está lá para a verem, se não o fizerem, é porque provavelmente escolhem não o fazer e a minha liberdade acaba quando começa a dos outros.