quarta-feira, março 22, 2006

Comment à séria

Prometido é devido. Escolheste o tópico. Cá vai o comment. Vou racionalizar sobre uma palavra: amor. É o que toda a gente faz quando a diz: racionaliza. Será que a pessoa sabe o que sente ou pensa que o sabe? Como poderemos dizer que não é saudável falar-se do desconhecido? É tabu porque traz receio e medo, é? Para ser franco tou ligeiramente com frio mas acho que não é bem medo. Mas também, o que é o medo?
Apartes aparte, amor é uma palavra que tem vários sentidos mas nenhum sentido. Uma pessoa pode dizer que ama hamburgueres duplos com queijo, amigos e amantes. Não o diz da mesma forma mas usa a mesma palavra. E essa palavra nada significa. O sentimento indescritivel é que existe e esse é único de pessoa para pessoa, de caso para caso. Falaste de 2 coisas diferentes: amigos e amantes; mas usaste a mesma palavra. Pouco interessa.
Falemos da amizade. Um dia perguntaram-me se eu era capaz de me sacrificar por um amigo. Não respondi e aparentemente consegui passar despercebido. Posso agora responder uma vez que já tenho o contexto. Não. Entre insultos mentais e tentativas de compreensão, este post/comment podia acabar aqui. Mas eu não gosto dessas merdas por isso vou-me explicar. Quantas pessoas é que conheces que já tenham perdido amigos? Umas tantas. Quantas pessoas conheces que já tenham morrido? Acho que ainda não falamos com os mortos... Onde viste mais dor? No morto ou em quem perde o amigo? O que achas que custa mais? O desconhecido ou o sofrimento garantido? Eu acho que é o sofrimento. Sendo assim, que raio de amigo é que impõe essa dor a quem estima? Da mesma forma, não esperaria nem gostaria que fizessem isso por mim. A questão está em saber se haveria uma hipótese, mesmo que vã, de ambos sobreviverem. Isso depende da percepção de cada um. A que ponto somos egoístas?
Falemos daquilo que faz com que as pessoas corem e se riam estupidamente e etc. Não considero o sentimento igual ao da amizade mas, como tu próprio disseste, há vários tipos de amor. Nem sequer gosto de considerar essa palavra porque está muito batida. Francamente acho que cada um deveria encontrar a palavra que acredita que se adequa mais ao que pensa que sente. Na minha opinião, os casais existem devido a 4 razões: sexo, interesses mesquinhos, medo da solidão e “amor”. Somente as duas últimas são “saudáveis”. E agora chego à minha dúvida: não estaremos a falar da mesma coisa? Será que não existe o amor para se evitar a solidão? Na Utopia do sonho gosto de acreditar que não. No entanto, não sei dizer porquê, simplesmente sinto (ou penso que sinto) que nem todos somos assim tão egoístas. Mas a verdade é que há demasiados casais, tendo em conta o milagre que é encontrar o ser perfeito que nos completa... Quando digo perfeito incluo todos os seus defeitos pois acho que é mesmo isso que torna uma pessoa perfeita. Mas acredito que nem toda a experiência do mundo ajuda a perceber tudo isto. Quando fores velhote saberás tanto quanto sabes hoje: nada.
Esta minha opinião está expressa por palavras, por isso não tem qualquer sentido. É somente uma tentativa vã de comunicação e não de transmissão de sentimentos. Se uma imagem vale por 1000 palavras, por quanto valerá um sentimento?

4 comentários:

Anónimo disse...

Simplesmente adorei o texto!...

a_mais_linda disse...

muito bem...

JP disse...

Quando alguém te pergunta se morrerias por amigo, ninguém te está a pedir que faças harakiri só porque o outro chumbou a Estatística. A pergunta pode ser levada para a parvoeira, mas transcende uma filosofia de café entre dois goles de Coca-Cola. Teríamos de ter vivido a cena para percebermos. Eu já salvei a vida a dois amigos. Perguntas-me: Ter-te-ias atirado para a frente do carro? Não, não teria: puxei-o para a berma da estrada antes que o camião lhe passasse por cima. Ter-te-ias atirado para aquela ribanceira para o onde o outro não caíu por um triz? Não, não me atiraria: segurei-o, que foi o que fiz. Mas isso aconteceu assim porque foi assim e não pensei que provavelmente não me tivesse eu segurado bem e em vez de um tínhamos ido dois desta para melhor. Se eu teria descido a porcaria da ribanceira mesmo podendo eu ficar lá, para ver o que tinha acontecido ao outro, correndo o risco de eu ser mais um a quem os bombeiros tinham de trazer para cima? Claro que sim. Porque nessas alturas não pensas, ages, não a pensar no que podes ganhar mas sim no que podes ter acabado de perder.

Tigas disse...

Muito bem. Foi por isto que te convidei para o blog, e é por isso que gosto tanto de às vezes debater ideias contigo. Tens ideias diferentes das minhas e fazes-me questionar as minhas próprias ideologias. No meio da confusão és estranhamente lúcido. Além disso o teu nariz é horrível!
Continua...