quarta-feira, agosto 30, 2006

Afinal quanto vale este blog?

Num desses sites que por aí andam dá para ver quanto vale aqui este cantinho! Fiquei indignada quando me disseram que vale apenas $12.00!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

$12.00 ??????????????????????????????????????

quinta-feira, agosto 24, 2006

Caminhadas

"Determinadas coisas significam determinadas coisas". Uma frase aparentemente pleonástica, eventualmente circunloquiar, mas com muito que se lhe diga...
Qualquer coisa tem uma função, mesmo que seja inútil. Essa função é habitualmente do conhecimento geral, apesar de algumas mentes iluminadas descortinarem nas coisas mais banais funções alternativas, à primeira vista eventualmente ridículas, condenadas a permanecer no quase anonimato. Contudo, muito mais interessante é debruçarmo-nos sobre o simbolismo dessas coisas. Aqui, muito pouca coisa é determinada, ou pelo menos muito pouca coisa é fechada. Um pedaço de casca de árvore é aparentemente inútil, mas é para mim uma recordação de infância, um suspiro alegre, um saudosismo profundo. A função, dirão alguns, é recordar. A finalidade, digo eu, é carregar baterias. Quando revivo esta recordação, crio uma cadeia de valor: através da recordação, passo da casca de árvore à obtenção de energia, energia essa contida na casca de árvore, que activada pela minha recordação, se transfere para mim, passa ao estado gasoso, é expelida pela minha boca e nariz, por acção dos meus pulmões, sob a forma de suspiro e se espalha por aí. No universo nada se perde, tudo se transforma.

No fundo tudo o que fiz foi caminhar. Desloquei-me de um ponto A para um ponto B e nesse sentido caminhei. Não me desloquei fisicamente, embora tenha causado deslocções ao nível do físico, mas simbolicamente caminhei.

Caminhar é decerto útil e tem para mim várias finalidades. Caminhei recentemente da Avenida de Roma atá à Amadora. No passado tinha já caminhado da Sé de Lisboa até à Amadora, do Campus de Campolide até à Amadora. A utilidade esteve lá, as finalidades também, a cadeia de valor imensa. Espero caminhar mais no futuro, cada vez com mais energia...
A vós que como eu caminhais por uma metrópole de pensamentos, deixo uma sugestão: não se preocupem para onde vão; pensem antes por onde que chegam lá na mesma.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Os três da vida airada

Começa o Verão
sem grandes expectativas,
estando presente a recordação
de experiências vividas.
Inesperadamente, algo muda
toda a conjuntura;
uma airada vida
é o que o futuro augura!
Conversas seja onde for,
almoços em casa ou na rua,
teorias sobre a cor
(cada um de nós tem a sua).
Neves e trovões
são constantes neste Verão.
Medos, ideias, pensamentos, recordações,
problemas respeitantes inclusivé ao coração
E quando Setembro chegar
tudo vai ser esquisito,
mas a recordação vai ficar
de um Verão bem bonito...

quarta-feira, agosto 16, 2006

O nascer de Albatroz

Subitamente, uma desconhecida agitação perturba o meu calmo descanso. Não conheço esta nova sensação, e apesar de não ser muito desagradável, incomoda-me. Irrompendo na minha vida rotineira, traz-me o azo da preocupação.
À medida que o tempo passa, a perturbação aumenta, não só à minha volta, mas em consequência disso mesmo, também dentro de mim. As paredes ao meu redor parecem quebráveis, e sinto que devo parti-las, ver o que está do outro lado, acabar com a claustrofobia que de repente se apoderou de mim. O desconhecimento da nova sensação é gradualmente esquecido, e substituído pelo medo e pânico que a revolução à minha volta provoca em mim...
Por esta altura, a adrenalina que me corre nas veias despertou todos os meus sentidos, e talvez por isso, quando após muitas tentativas, vejo uma brecha abrir-se na parede e a luz irrompe para dentro do meu mundo, ouço sons que nunca ouvi antes. É quase como se uma porta se tivesse aberto, trazendo para o meu pequeno mundo vestígios de um outro, paralelo ao meu, que lentamente se revela, cada vez mais forte, alargando e dilatando uma passagem, convidando-me para o visitar. Mas eu sinto-me bem no meu mundo, a sua simplicidade dá-me tudo o que necessito, e não tenho qualquer interesse em abandonar o meu lar, trocando-o por outro que desconheço em absoluto.
Impelido pelo instinto, saio lá para fora. Este novo mundo é estranho, enorme, não tem o conforto do meu anterior lar, e a minha primeira reacção é a de piar compulsivamente, pois tenho medo, fome, frio, não percebo nada. Então aparece alguém que me conforta, que me acaricia com o seu bico, que me aquece com a sua penugem, que regurgita para dentro de mim um quente e nutritivo pequeno-almoço e sinto-me bem, confiante no que o futuro me reserva...
A 15 de Agosto de 1986, tornei-me Albatroz.

segunda-feira, agosto 14, 2006

A resposta

A inspiração provém de diferentes sítios. Ninguém sabe bem como ou porquê, mas há palavras, imagens, recordações que nos ficam gravadas na memória para serem despoletadas em alturas específicas, repetidamente, ideias que ecoam na nossa cabeça até que alguém do outro lado responda. O tempo e esforço empregues na obtenção da resposta são tão pouco importantes como ela própria. De que vale ter uma coisa se não a utilizamos, de que vale sumo de maçã, pêra e manga quando só queremos água del cano?
Às vezes a resposta acaba por nunca surgir, mas enquanto a procuramos vamos aprendendo muitas coisas em que nunca tínhamos pensado que acabam por contribuir para a construção de um pensamento mais estruturado e uniforme. Importa ter em mente o objectivo final, mas sem dúvida que o caminho percorrido, ao variar de uns para outros, altera ligeiramente a maneira de interpretar esse resultado final, pelo que talvez não seja necessariamente bem-vinda, aqui, a eficiência.
Ao forçarmos demasiado algo, corremos o risco de quebrar, mas asseguramos que não nos esquecemos do caminho percorrido até então, podendo retomá-lo futuramente.
Chegando a um ponto em que não conseguimoa avançar mais, tudo à nossa volta começa a tremer e a incapacidade para compreender um assunto específico extrapola e de súbito não compreendemos nada, não sabemos quem somos. Nestes momentos vemos de que somos realmente feitos, quão fortes realmente somos. Quando tudo está bem, está tudo bem, mas quando tudo parece mal cabe-nos a nós provar que as aparências iludem.
Agora que temos a nossa resposta podemos utilizá-la de várias formas, nenhuma necessariamente melhor que a outra, embora algumas sejam mais louváveis.
Interessa porquê e como, pode até interessar quando, mas sem dúvida, interessa quem...
"When you try your best but you don't succeed
when you get what you want, but not what you need
when you feel so tired but you can't sleep,
stuck in reverse.

And tears come streaming down your face
when you lose something you can't replace.
When you love someone but it goes to waste
could it be worse?

Lights will guide you home
and ignite your bones
and I will try to fix you..."
Coldplay
"Fix You"

quarta-feira, agosto 02, 2006

Raptos

A sociedade é formada por indivíduos, todos diferentes, ligados por uma necessidade de pertença a grupo, a uma comunidade. Esta traz várias vantagens já que os indivíduos, ao serem divididos por hierarquias e funções, sendo que o desempenhar de cada uma delas é essencial para o todo, permitem que o todo seja mais do que a soma das partes. Isto aplica-se a várias sociedades e não só à humana. Um zapping algo mais demorado pelo Discovery Channel, a Odisseia ou até mesmo os canais generalistas ao fim-de-semana (antes do jornal das 13) dá-vos vários exemplos disto patentes em muitas e diversas espécies do mundo animal. Não entrando por aí, seguiremos um caminho melhor delineado, analisando a sociedade animal racional.
O Homem é um animal social. Todos sentimos necessidade de conviver com os nossos pares, com os nossos semelhantes. Não só pelas mesmas razões que levam à formação dessas sociedades no mundo animal, mas principalmente porque o Homem é um animal social especial - é um animal social racional. A nossa sociedade nasce do contributo não só, mas também, intelectual de cada um dos seus indivíduos. Os seus valores, princípios, padrões comportamentais, vontades e objectivos acumulam-se num aglomerado heterogéneo e dinâmico chamado sociedade. No entanto, para que a vivência em sociedade seja exequível, muitos dos impulsos mais primitivos e bruscos dos indivíduos têm de cair. Não porque desapareçam, mas porque caem para um local mais profundo do nosso ser, permanecendo lá, atolhados debaixo de condutas e regras de boa educação que todos seguimos, uns mais, outros menos. Os animais irracionais agem de forma semelhante, mas os seus condicionalismos são mais fracos e têm origens não no raciocínio, mas no instinto e na avaliação que cada animal faz das suas capacidades e competências, em relação aos outros.
Enquanto andamos por cá, habitamos no meio de toda esta mescla social, tentanto usar o raciocínio para moldar as nossas acções e as emoções para justificar o processo de raciocinar, até que às vezes, somos raptados.
Levados para longe de tudo isto - para uma ilha deserta, para uma viagem de carro pelo deserto do Arizona, para um inter rail, para uma cadeira. Esses raptos permitem-nos sair momentaneamente da sociedade e criar tribos: pequenos grupos de pessoas com uma ideia que une todos, que é interpretada de diferente forma por todos, sem objectivos concretos. Nesta tribo-societal criam-se ligações, recordações, imagens, descobre-se e troca-se informação e depois acaba-se a tribo no sentido físico, perdurando em cada um dos membros da tribo algo que não os muda, mas que os faz evoluir, como se uma espécie de energia residual ficasse guardada algures para às vezes ser reutilizada.
Reintegrados na sociedade, não temos de todo uma visão mais clara dela, mas temos uma visão mais clara de nós, porque ouvimos coisas que não esperávamos e ouvimos coisas que já sabíamos explicadas de uma forma diferente.
Obrigado minha tribo, por me raptarem.