terça-feira, maio 30, 2006

Alexandra, a Grande

Ainda era ela pequenina e já se notava que algo não estava muito bem… mesmo assim os pais sempre acharam que a casa tremer com uma força de 8,7 na escala de Richter de cada vez que ela se levantava à noite para fazer xixi era normal. Aliás, olhavam para ela com ar ternurento e cochichavam um para o outro “deixa lá, ela está a crescer!”.
Aos cinco anos Alexandra (nome fictício) teve o seu primeiro emprego: uma coisa que começou como um passa tempo dela enquanto esperava lá fora que a mãe acabasse de fazer as compras, a Junta de Freguesia contrato-a para mudar as lâmpadas dos candeeiros da rua. Para o contrato com o Benfica para mudar todos os meses as lâmpadas dos estádio foi um passinho, pequeno para ela, meio campo de futebol para o Luís Felipe Vieira (o aperto de mão foi complicado)!
Era um bocado Maria-rapaz, mas mesmo assim teve uma infância feliz, rodeada de carrinhos de bombeiros, mas dos que apagam fogos de verdade, com bombeiros de verdade! Era a mais requisitada para guarda-redes, pois todos sabiam que com ela na baliza ninguém marcava! O Scolari ainda pensou nela para substituir o Ricardo na Selecção, mas como é menina o sr. FIFA não deixou. Que bonito que foi vê-la segurar a sua equipa toda mais os árbitros no braço direito, celebrando a vitória da Taça Inter-Turmas da sua escola da Bobadela! Aí sim, ela foi feliz, e o impacto foi sentido no Burkina Faso (bem perto de casa do Alves), houve mais um terramoto na Turquia, um maremoto assolou o Este asiático e o Vesúvio voltou a entrar em erupção!
Os anos passaram e a Alexandra (nome fictício) tornou-se uma mulher. Com uma ou duas negas a matemática, (aquela disciplina sempre complicada!), Alexandra lá chegou ao secundário sem grande esforço. Aí faz novos amigos, que até achavam piada ter aulas nos campos dos Comandos da Amadora, transferidos para lá por ser o único sítio em que Alexandra (nome fictício) cabia.
Até que um dia Alexandra (nome fictício) apaixona-se por um rapaz chamado Tiago (nome fictício), conhecido por Tigas (nome muito fictício) porque o cabelo dele fazia-lhe comichão no tornozelo. Desde esse dia que não parou de o tentar conquistar: ia buscá-lo à varanda do 8º andar onde ele vive para irem juntos para a escola, tirava as bolas de cima dos telhados só para o ver ficar vermelho a jogar à bola. Nos dias de maior calor ela até não se importava de ficar sentada do lado do sol só para eles poderem jogar à sombra!
-OHHH TIGAAAAS (nome muito fictício), VENS COMIGO COMPRAR UMA MERENDA?
- ‘Tá bem.
E ela pegava nele com muito cuidado, pendurava-o no brinco e lá iam eles. Um dia ela notou que o tinha perdido. Meia hora depois encontro-o aconchegadinho a dormir no fundo do bolso do vestido dela, e mandou os carros pararem de buzinar para ele não acordar.
Estudavam os dois juntos, e quando tiravam boas notas o Tigas (nome muito fictício) ia acorrer abraçar o mindinho da Alexandra (nome fictício), já que a ONU tinha proibido a Alexandra (nome muito fictício) de correr, para bem do Tigas (nome muito fictício) e da Humanidade em geral.
- PAAARAAABÉÉÉNNNSSS TIGAAAS (nome muito fictício)!
- Para ti também, tiraste melhor nota que eu!
- OH… EU USEI CÁBULAS! PÚ-LAS NO TELHADO DO GINÁSIO PARA A PROFESSORA NÃO AS VER!
- Para ninguém ver, queres tu dizer! Sua marota, dá cá um abracinho!
Como prova do seu amor ela fez-lhe uma pulseira, mas como não servia no pulso dele ela deu-a ao Sporting que fez dela a pala do novo estádio. Lá acertou na medida e ainda hoje esse tal rapaz a traz no pulso, como prova da sua amizade pela sua maior amiga de sempre!

segunda-feira, maio 29, 2006

Cup & China (& Esmeraldinha, e Tigas!)

Por estas alturas sentimos que tudo nos passa a correr. Os exames sucedem-se a uma velocidade estonteante, mal temos tempo para nós, e até aquela leiturazinha de casa de banho (aquele momento de libertação... em sentido literal e metafórico!) deixa de ser sobre algo que nos interesse para passar a ser sobre assuntos macroeconómicos. As conversas giram à volta do mesmo, e o tópico mais falado é sobre quem vai à segunda fase e fazer o quê. Esta noite não foi assim. Poucos foram o que conseguiram arranjar disponibilidade, mas só faz falta quem está. E não se falou em exames. Não se falou em taxas de juro nem no seu fantástico efeito sobre o preço do petróleo. A qui-quadrado ficou vermelha de inveja por não a termos referido uma única vez! E sinceramente, estava com saudades disto. E é bom sentarmo-nos num sofá e estarmos entre amigos. E é bom rir à gargalhada como há muito não fazia. E é bom não falar sobre algo que, afinal, é o que menos nos interessa falar. E é bom o silêncio que se cria, para logo depois tomar forma de mais um tópico a abordar. E é bom ver as expressões descontraídas (finalmente!) de quem ultimamente só vemos a fazer figas para que o que fez dê para passar. E é bom o carro rolar pelo alcatrão e termos alguém a despentear-nos. E é com pena que se diz aquele “Boa noite”, porque é o fim de um momento bem passado.
Houvesse mais momentos destes…

sábado, maio 20, 2006

Há já muito tempo que tenho andado a matutar num post sobre religião e a recente polémica sobre a obra de Dan Brown O CÓDIGO DA VINCI foi a gota de água. Mais uma vez a Igreja mostra a sua faceta obscura ao tentar reprimir qualquer tipo de ideia que seja contrária à sua. Parece que temos agora uma Inquisição psicológica, em que alguém com ideias diferentes e meios suficientes para causar um impacto significativo na sociedade deve ser reprimido, difamado, desacreditado...
A religião é uma doutrina, um sistema religioso, um culto prestado à divindade. É uma força instaurada desde sempre, desde que os homo erectus ou sei lá quais é que foram os primeiros, começaram a fazer vénias a calhaus e a dançar para que chovesse e houvesse muitos animais para se matar e comer. O Homem sempre teve necessidade de apoiar a base da sua existência em algo, e como até agora ainda ninguém encontrou a solução "milagrosa" muitos advogam a fé. Essa fé é passível de interpretações várias, pois tanto pode ser uma crença religiosa, como uma convicção em alguém ou nalguma coisa. Do ponto de vista católico, que é o que me interessa agora abordar, ter fé é acreditar naquilo que não pode ser explicado. É por isso que quando alguém morre se diz que foi a vontade de Deus e quando as coisas correm bem se diz "Graças a Deus.". Aquilo que não pode ser explicado é classificado como sendo obra de uma entidade superior, omnipotente, omnipresente, omnisciente - uma das ideias mais fortes alguma vez criadas e que já tanto sangue derramou ao longo da nossa história.
Não me faz confusão nenhuma que as pessoas tenham fé, embora a teologia seja para mim profundamente intrigante. Mas ter fé, é exactamente isso, acreditar no que não pode ser explicado.
O que me faz mais confusão não é a religião, mas a Igreja. Para mim, devemos ter fé porque o sentimos, porque algo no nosso âmago emana uma força que nos faz crer, que nos ajuda nos momentos difíceis, que nos justifica o que não compreendemos. Isso é ter fé. Não porque nos ensinaram a acreditar, mas porque acreditamos. Não porque nos disseram que foi, mas porque acreditamos que foi. Não porque nos dizem o que um livro quer dizer, mas porque lemos o livro e acreditamos naquilo que o livro nos "disse".
Quando escrevo um texto, muitas vezes me vêm dizer o que eu queria dizer naquela parte em que disse não sei o quê. Muitas vezes acertam, outras não, outras ainda descortinam significados que eu nunca quis dar a certas palavras ou frases. Por isso sempre me fez confusão quando nas aulas de Português, não nos ensinam a escrever, mas nos ensinam História dos Autores Portugueses, leccionada por professores que a aprenderam, que foi ensinada por um senhor muito inteligente, que como leu muito se tornou omnisciente, e como estudou a vida do autor sabe o que ele queria dizer quando usou a metáfora X, a anáfora Y, a hipérbole Z. Actualmente a Igreja tornou-se esse senhor. Como estudam há imensos anos tudo o que aconteceu, sabem tudo e quem pensar de forma diferente está errado. É por isso que para mim a Igreja é contra-natura. Querem incutir nas pessoas a fé, de forma extrínseca, quando ela deveria surgir do interior de cada um, naturalmente.
Não sou contra a religião, nem contra a Igreja como edifício, mas sou contra a religião e a Igreja enquanto instrumentos dos homens, que visam controlar e encaminhar os pobres coitados que ainda não foram iluminados pela luz suprema que só pode vir de cima.
Há quem tenha fé na família, nos amigos, em si próprio. Há quem não precise de ser ensinado, pois gosta de aprender por si próprio. Cada um deve ter o direito de escolher o seu caminho, de escolher as suas crenças, de escolher a sua fé. Se quem vir O CÓDIGO DA VINCI for perguntar ao porteiro da suposta sede da OPUS DEI onde é que mora o Silas, é livre de o fazer e de acreditar no que quiser. A Igreja não deveria encarar essas pessoas com receio, mas antes congratular-se com a sua existência, pois esse é um alvo fácil do aparelho da Igreja, e rapidamente o fazem esquecer a Maria Madalena e seja lá o que for que não lhes interessa em que as pessoas acreditem.
Ter fé, é uma escolha de cada um, assim como o objecto para o qual essa fé é direccionado. Não é um livro que vai acabar com o catolicismo, mas se querem fazer dele algo fechado, controlador e manipulador, talvez precisem de reler as palavras do Senhor e pensar um pouco por vocês mesmos.

terça-feira, maio 16, 2006

Tua mãe!

A época é de seca! Não porque haja falta de água, mas porque não se escreve nada. Já não estou com o período e o próximo deve tardar. Também não tenho agora grandes ideias ou novas teorias, pelo menos dignas de partilhar, pelo que se regressa às origens: insulta-se a mãe dos outros!
Esta nobre tradição, tão aclamado por uns, apesar de alvo de algumas críticas, ganha agora um novo fulgor com a introdução de uma vertente estilizada intelectual. Há que insultar sem ofender, que é pela sua natureza o melhor tipo de insulto. Insulta-se sem usar palavrões, sem analogias sexuais, Afirmam-se simplesmente verdades corriqueiras, que pela entoação e uso pouco habitual, soam a ofensa, apesar de não o serem. Decerto todos vós, pelo menos os da minha geração, tiverem contacto com esta arte ancestral, porventura praticaram-na pessoalmente. Bons velhos tempos passados a dizer simplesmente "Tua mãe!". Várias modalidades se popularizaram, incluindo os clássicos "Tua mãe aos saltos!", "Tua mãe gira tipo Beyblade!", ou um mais complexo "Vê lá se dizes à tua mãe para parar de mudar a cor do baton, a minha pila já parece um arco-íris!". Muitas amizades se basearam à volta desta prática, infelizmente banalizada, que por isso mesmo perdeu muito valor e credibilidade. No entanto, fruto do amadurecimento do intelecto, um grupo de jovens traz de volta a referência à mãe alheia. Rapidamente ganham força o "A tua mãe sai à noite" que pode ser comprovado com base em vários estudos de mercado; "As uvas da tua mãe cheiram a cebola" que pode ser comprovado com base em experiência empírica; e ainda o "A tua mãe pariu-te!" que embora roce perigosamente a fronteira da ofensa, com uma simples consulta de um dicionário se traduz em "A tua mãe deu-te à luz", que é como quem diz "A tua mãe tem a capacidade de dar à luz filhos, e tu foste um deles!".
A demanda pela recuperação da glória da invocação da mãe alheia é nobre, e carece do apoio de todos vós. Alguns jovens lutam diariamente contra o flagelo que aflige a arte da invocação da mãe alheia, pelo que urge que todos nós nos unamos para que juntos, triunfemos!
E tu, já deste o teu contributo?

domingo, maio 14, 2006

Noticias da blogosfera...

A place to find yourfelf, um novo e promissor blog de alguém muito conhecido no mundo da FEUNL. Bem-vinda Colombianita!

sábado, maio 13, 2006

A vaca macroeconómica

Rabiscos de uma aula dizem-me que isto de estudar macroeconomia tem muito que se lhe diga, ou não. Na verdade, parece tudo muito simples, porque os modelos que estudamos são na maioria casos específicos da realidade, certo? Certo! Confirmem-me, sff, quantas vezes ouviram dizer:
- Vamos considerar que…
- Partimos do princípio que…
- Imaginemos que…
- Se pensarmos numa economia onde…
- Admitindo que…
- Pressupondo…
Não é assim tão simples! Com tantos pressupostos e restrições não admira que andemos por aí à procura de uma vaca tresmalhada, com 3 manchas do lado direito do focinho para quem olha de poente, com chifres ligeiramente inclinados formando um ângulo de 30 graus, rabo de 60 cm e que por a caso até cocheia da pata traseira esquerda. Este animal existe, mas a sua existência será assim tão importante que valha a pena o seu estudo mais profundo?

PS – surgiu vaca porque não me ocorreu mais nenhum outro animal, não tenho qualquer divergência com a espécie bovina.